segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Helenas


Sempre tão pequenas
cada uma seu enredo
cada história o seu tempo
cada tempo um desafio

Nunca quis dizer que nada
mas também quem quis saber?
Quando disse da minha ida
só ouviu dizer que é meu

Uma vez amei errado
Outra vez amei demais
Então cansado andei sozinho
Pra aprender a errar demais

Cartas antigas, fotos de álbum
taça no armário, noite passada
Tantas coisas de uma vez
Tantas coisas sem sua vez

Lembrar é sempre muito bom
lembrar do que foi bom faz ser ainda melhor
olhar nos olhos e ver um futuro-passado-que-pode-vir
pode ser sensacional

Sensações é o que não falta
Uma de cada lado
Uma de cada jeito
Todas ao mesmo tempo

Velho guerreiro cansado
muitos anos de batalha
Tantas vitórias épicas
Tantas feridas, nenhuma morte

após um oceano de tempo
um mar de problemas
uma ilha, num rio de helenas
são tão claras suas melenas

Nem pra frente, nem pra trás
nem prum lado, nem pro outro
Sem saída cravo o chão
Minha raíz ninguém arranca

Nessa ilha sem saída
Presa por gotas tão pequenas
Cada uma com seu gosto
Tentação que cai no mar

Essas águas são tão fortes
Correnteza que me leva
Mas não leva a nenhum lugar
Só não quer ser mais água a passar

Como posso me explicar?
Dizer que não disse o que ela ouviu
Nem o oi, nem o tchau
Foi um prazer conhecê-la, até sempre!

Mas se tenho que ser sincero sempre
Botar pra fora o que de dentro vem
A notícia não é boa
para tantas tão pequenas

Esse rio de fios dourados
não é água que alimenta
o meu galho segue o sol
Deixo Atenas, pequenas, melenas, helenas

Tentam todas no amarelo dos cabelos
Ser o sol que levanta a árvore
Mas o que eu quero é o brilho
Que só vejo nos olhos da morena

sábado, 15 de dezembro de 2007

Ansiosos goles...


E eu achava que hoje não viria inspiração
Deixaria um dia em branco
Mas mesmo que meu despertar tenha sido tardio
Sem a agradável companhia do Sol
Não acordei no escuro
A escuridão desse universo cheio de vazio nunca é total
Foi só abrir os olhos que uma coisa linda apareceu
Na medida certa
A Lua ilumina suavemente, com muita beleza
Uma cor que só ela sabe dar ao mundo
Aquele sorriso que hoje sei chamar de crescente
Que magia você tem?
Como pode ter tanta força?
E ser tão delicada ao mesmo tempo
Como pode fazer da noite uma coisa tão boa?
Num dia onde nem o Sol, com toda sua luz, me disse nada
Chega você, como quem não quer nada, e diz tudo
A timidez mantém um charme que está sempre presente
Faz do seu jeito uma coisa única, especial
Uma coisa tão boa que minha vida bandida não tem como não roubar
Seu jeito, minha inspiração
Sua luz colore meu dia
Faz com que ele não passe em vão
Suas palavras merecem resposta
Essa história tem dois lados
Cada um do seu modo
Mas numa harmonia sem igual
Como a noite e o dia
Como a Lua e o Sol
Yin-Yang
Você e eu
Você quer que eu guarde segredo
Mas eu quero contar pra todo mundo
Saiba que cada palavra , cada idéia, cada gole também me passaram a mesma sensação
Ansiedade pelo invitável
Pressa pelo futuro
Mas com a calma de quem tem certeza
De que uma brecha teria que aparecer
Mas a ansiedade é natural
Quem olha pra frente quer chegar logo
E quem abre os olhos sabe como é a vida, o futuro, o destino...
Tanta vontade, mas muita incerteza
O mundo gira, dá voltas
E a gente da voltas pelo mundo
Assim como o dia
Assim como o Sol
O homem precisa explorar
La Poderosa
A estrada chama, o mundo chama
Mas mesmo Che, que seguiu sua trilha com determinação
Deixou um pedaço seu pelo caminho
Um sonho, um amor, um plano
Tapou a dor com cartas de saudade
Mas fez o que tinha que fazer
É...
Assim são as coisas, assim sou eu
Criança sonhadora
Ainda não entendeu que uma coisa é o filme, outra coisa é a vida
Não consegue aceitar
Criança sonhadora
Sempre sonhando, sempre pensando, sempre voando
Acho que é culpa do azul
Ele que me faz ver o mundo assim
Infinito como o céu e profundo como o mar
Olhos azuis de um pequeno príncipe
Que sai pelo mundo procurando alguém que resolva seu problema
Apenas um desenho é o que ele pede
Alguém que acredite como ele
Que sonhe como ele
Sai pelo mundo procurando alguém que entenda
Que na pureza de seu coração
Só existe uma intenção
Voltar para o seu planeta
Que dizem ser quase tão bonito como a Lua
Para poder atender ao desejo de sua rosa
A mais bela roseira que há
Estranha coincidência
A vontade de uma coisa, parece levar para longe desta
Será?
Será que o destino nos afasta e aproxima ao mesmo tempo?
Será?
Será que a vida faz isso de propósito?
Será?
Não sei
Só sei que é melhor não pensar tanto
Deixar acontecer mais
Pareço estar outra vez tomando aqueles goles ansiosos
Não que eu não goste deles, pelo contrário
Mas é que depois...
Depois pode ser bem melhor
O bom do futuro
É que ele chega em forma de presente

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Somente o que foi colorido descolorirá


Me lembro de quando eu era criança e via uma propaganda com essa música. Eu adorava! Cheia de desenhos e falando sobre colorir. Como são as coisas... Hoje, uns vinte e poucos anos depois, continuo adorando a música. Mas com outros olhos. Outros ouvidos. Outra cabeça. Sei que grande parte da letra está falando sobre o futuro. Essa astronave que tentamos pilotar. Essa estrada que queremos saber onde vai dar. Mas não temos como controlar e nem conhecer nosso futuro. E mesmo que fosse possível, de quê adiantaria? Sabemos que um dia todos vamos morrer. E - assim como o sol amarelo, o castelo e o mundo num círculo - também vamos descolorir. Perder nossas cores até ficarmos transparentes. Um dia nosso planeta vai acabar. Todas essas coisas que, somente quando já crescemos um pouquinho, conseguimos entender e aceitar. Mas sabe o que mais me incomoda? Não consigo entender porque que algumas pessoas vão ler essas linhas e pensar: "que idéias mais negativas" ;ou "que visão pessimista do futuro"; ou mesmo "porque pensar nessas coisas?". Essas pessoas me incomodam. Porque são elas que fazem com que muitas outras não consigam olhar além. Defendem a idéia de que é ruim, chato, ou sem sentido ficar pensando nessas coisas. Mas não entendem que, justamente, essa reflexão permite otimismo com aquele futuro incontrolável. Otimismo, não no sentido cego, onde se acredita no melhor porque se acha melhor fazer assim. Otimismo de olhos abertos, por saber que o futuro pode ser muito bom. Pensar nessas coisas é o que nos mostra como os adultos são tristes. Entendem só metade da história. Se deprimem porque entendem que um dia tudo descolorirá. E essa tristeza os faz estagnar. Aceitam o fim inevitável e o esperam morrendo de medo. Medo da morte. De quê adianta? Ainda não descobri. É a mesma coisa que ter medo da noite. Não adianta nada, ela é inevitável. Uma hora vai chegar. Então... aproveita o dia, né?!!! Vai pra rua pegar bastante sol. Pegar uma cor. Ficar bem colorido. Faz como uma criança. Pinta muito! Colore tudo! Porque, assim como nosso passado de criança já passou, nosso futuro desconhecido ainda não veio. O que vale é só o que temos agora. Quem somos agora. E como colorimos nosso mundo hoje. Diga pro adulto não se preocupar com o futuro. Ache a criança perdida. E ensine pra ela que mesmo descolorindo, vale muito a pena colorir.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Biografia do Universo


Pra aqueles que querem saber como tudo começou, um bom modo de visualizar a evolução do universo de acordo com teorias bem recentes.

http://www.astro.iag.usp.br/~damineli/evolucao/evolucao-zoom.htm

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Aprendizagem


"Ao atravessar o rio e entregar-se completamente nu ao domínio da margem à frente, ele acaba de aprender uma coisa mestiça. O outro lado, os novos costumes, uma língua estrangeira, é claro. Mas, acima disso, acaba de aprender a aprendizagem nesse meio branco que não tem sentido para encontrar todos os sentidos. No ápice do crânio, em turbilhão, se atarraxa o redemoinho da cabeleira, lugar-meio onde se integram todas as direções.
Universal significa: aquilo que, embora sendo único, verte em todos os sentidos. O infinito entra no corpo de quem, por muito tempo, atravessa um rio perigoso e largo o bastante para oferecer essas paragens distantes onde, seja qual for a direção que se adote ou se decida, a referência permanece indiferentemente afastada. Então, o solitário, vagando sem pertencer a nada, tudo pode receber e integrar: todos os sentidos se equivalem. Terá atravessado a totalidade do concreto para entrar em abstração? Perceberão os mestres que só ensinaram, no sentido pleno, aqueles aos quais contrariaram. De fato, nada aprendi sem que tenha partido, nem ensinei ninguém sem convidá-lo a deixar o ninho. Partir exige um dilaceramento que arranca uma parte do corpo à parte que permanece aderente à margem do nascimento, à vizinhança do parentesco, à casa e à aldeia dos usuários, à cultura da língua e à rigidez dos hábitos. Quem não se mexe nada aprende. Sim, parte, divide-te em partes. Teus semelhantes talvez te condenem como um irmão desgarrado. Eras único e referenciado. Tornar-te-ás vários, às vezes incoerente como o universo que, no início, explodiu, diz-se, com enorme estrondo. Parte, e tudo então começa, pelo menos a tua explosão em mundos à parte. Tudo começa por este nada. Nenhum aprendizado dispensa a viagem. Sob a orientação de um guia, a educação empurra para fora. Parte, sai. Sai do ventre de tua mãe, do berço, da sombra oferecida pela casa do pai e pelas paisagens juvenis.
Ao vento, sob a chuva: do lado de fora faltam abrigos. Tuas idéias iniciais só repetem palavras antigas. Jovem: velho papagaio. Viagem das crianças, eis o sentido lato da palavra grega pedagogia. Aprender lança a errância. Explodir em pedaços para se lançar em um caminho de destino incerto exige um heroísmo que sobretudo a infância parece capaz de mostrar, embora ela deva ser seduzida para encetá-lo. Seduzir: conduzir para outro lugar. Bifurcar a direção dita natural. Nenhum gesto da mão que segura uma raquete obedece a uma atitude que o corpo tomaria espontaneamente, nenhuma palavra em inglês emana de uma forma que uma boca francesa esboçaria com facilidade, olhos bem abertos não garantem a idéia da geometria, nem o vento e os pássaros nos ensinam a música... só resta tomar o corpo, a língua ou a alma a contrapelo. Bifurcar quer dizer obrigatoriamente decidir-se por um caminho transversal que conduz a um lugar ignorado. Sobretudo: jamais tomar a estrada fácil, melhor atravessar o rio a nado. Partir. Sair. Deixar-se um dia seduzir. Tornar-se vários, desbravar o exterior, bifurca em algum lugar. Eis as três primeiras estranhezas, as três variedades de alteridade, os três primeiros modos de se expor. Porque não há aprendizado sem exposição, às vezes perigosa, ao outro. Nunca mais saberei quem sou, onde estou, de onde venho, aonde vou, por onde passar. Eu me exponho ao outro, às estranhezas. Por onde, esta é a quarta questão, colocada com novos dispêndios. O guia temporário e o mestre conhecem o lugar para onde levam o iniciado, que ainda o ignora mas a seu tempo o descobrirá."

Texto do filósofo francês Michel Serres.

Nada pra dizer... mas muito pra pensar.
E também..., muito pra fazer.

sábado, 8 de dezembro de 2007

O bom do bom é que ele é tri bom


Tem uma caixa...
Dentro da caixa tem um gato...
O gato tá vivo ou tá morto?
Não sabe?
Então escolhe!
Pode escolher.
Não se assuste não!
Assim são as coisas.
Não temos como ter certeza de nada.
Mas precisamos acreditar em coisas pra viver.
Então, podemos escolher livremente.
No que queremos acreditar?
Gato vivo!
Ou gato morto?
O que é melhor agora?
Vivo ou morto?
Pode escolher.
"Ah..., mas e se eu errar?"
Primeiro: não existe certo ou errado. Simples.
Mas se mesmo assim o medo de errar continuar...
Tem uma coisa fácil de lembrar:
Qualquer erro pode ser bom.
O bom é que tem sempre o lado bom!

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