terça-feira, 28 de setembro de 2004

Homem inteligente


Esses dias, recebi um e-mail que eu resolvi ignorar completamente. Quando percebi que era um texto muito grande, baixei toda a tela para chegar no ícone "Apagar". Sabe quando se está apenas passando os olhos por um texto, mas um certo trecho lhe chama a atenção? Naquela fração de segundo antes de apagar a menssagem, decidi ler o último parágrafo. Era uma citação sem indicação de autor, mas achei muito interessante. Estimuladora de grandes reflexões.


"O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante de um idiota que banca o inteligente."

A arte de criar mentindo


A única forma de mudar uma situação é com a mentira. Só com ela, saímos da estagnação da honestidade e criamos o que não existe. É impossível querer o que já se tem. Vamos mentir! Estamos muito acostumados a negar os covites que nos são feitos. Até mesmo os feitos por nós mesmos. Então, vamos mentir para nós mesmos.

segunda-feira, 27 de setembro de 2004

Eterno Retorno


Parei pra pensar e cheguei a conclusão de que eu já falei demais. Depois de discutir a linearidade temporal do universo com meus irmãos de 10 e 8 anos e ouvir o primeiro me perguntar sobre livre arbítrio e o segundo sobre memória interdimensional, eu passei a acreditar que outras pessoas possam entender um pouco da idéia que eu tenho de mundo.
Como eu fiz com meus irmãos, eu vou pedir um pouco de paciência somada a uma boa dose de receptividade mental para concepções diferentes das usuais. Um, antes de qualquer coisa, grande amigo, mas também assíduo estimulador filosófico me ensinou a sempre mencionar a fonte de uma citação. Por isso, começo contando a origem da idéia. Um semi-irmão me desafiou com a entrega do livro “A insustentável leveza do ser” de Milan Kundera para ler. Logo nas primeiras páginas me deparo com a teoria de Nietzsche sobre o eterno retorno. Não sei se eu consegui entender a teoria corretamente, mas a perspectiva que me ocorreu pensando sobre o que eu achei que entendi me pareceu bastante interessante. Tente acompanhar me raciocínio...
Nós pensamos nossas vidas e todo o nosso tempo de uma forma linear. Como uma linha desenha em uma folha de papel tem sempre um começo, um meio e um fim. Nós nascemos, vivemos nossas vidas e morremos. Isso é certo. Podemos acreditar em algo após a morte ou não, mas essa noção de começo, meio e fim, todos temos. Com essa concepção, tudo se torna fungível. Nada é para sempre. Tudo que começa, tem um fim. Imagine uma dor de cabeça. Antes de ela começar, ela não tem nenhum valor. Depois que ela termina, não nos importa mais. Qual a real importância dessa dor de cabeça, se ela durou apenas um minuto de toda a nossa vida? Imagine que você está com a mulher dos seus sonhos. Deitado com ela na cama, você pensa que gostaria de ficar naquela situação pelo resto da sua vida. Tudo está perfeito. Por acaso, nesses momentos nunca passou pela sua cabeça: “Como eu queria parar o tempo. De que adianta isso tudo se logo vai acabar. Logo vamos ter que levantar. Vamos ter que ir trabalhar. Vamos acabar um dia, ou, caso dê tudo certo, um dia um morrerá. Ou seja, certamente terá um final. Qual a real importância de uma coisa que já nasce predestinada a morrer? De que serve algo que ainda não aconteceu ou algo que já passou? Todo o futuro que ainda não veio, virá e passará, acabará. Então de que adianta tudo isso?
Agora esqueça tudo o que você já sabe sobre o mundo. Apague a noção de tempo. Imagine que você está vivendo a sua vida, mas um dia ela chegará ao fim. Quando isso acontecer, não terá nenhum céu a sua espera. Menos ainda, será um nada, preto, vazio, o fim. Nossa mente continuará viva, pensando. Quando perceber que não tem nada para se fazer depois da morte, ela imitará uma fita de videocassete. Rebubinará e começará tudo outra vez do início. Imagine que depois de morrer começaremos a viver nossas vidas do começo, nasceremos outra vez. Como estaremos voltando a um estágio anterior, conseqüentemente, não nos lembramos de nada. Vivemos tudo de novo como se fosse a primeira vez. Raciocínio lógico: então podemos não estar vivendo as coisas pela primeira vez, mas apenas estarmos nos lembrando do que já vivemos? Pois é... Talvez isso explique porque que nós pressentimos coisas. Talvez isso explique muita coisa que sentimos e não conseguimos explicar. Imagine, que cada segundo da sua vida, vai se repetir infinitas vezes, eternamente, pelo menos dentro da sua mente.
Mas então vamos considerar que toda essa teoria está errada. Vocês só vão poder me provar que nada disso era verdade, quando morrerem. Aí, se forem pro céu, poderão voltar e me desmentir. Ou, se nada existir após a morte, quando chegar minha hora, tristemente, terei que conviver com o nada para sempre. Independentemente de qual teoria sobre a vida esteja certa, eu acredito que se nós vivermos nossas vidas acreditando que tudo irá se repetir, nossas vidas terão um novo valor. Até mesmo a coisa mais insignificante que passou na nossa frente seria eternizado. Cada gesto, cada pensamento, cada momento, cada sentimento, não seria mais em vão. Não se perderia mais com o tempo. Muito pelo contrário, o tempo seria apenas um fator que levaria tudo a se repetir. Tudo voltaria. Todos os momentos. Os bons e os maus. As alegrias e tristezas. Pensando assim, olhar para o próximo segundo, que nos espera no futuro, parece mais interessante. Mais importante. Mais vivo...

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